Milhões de crianças em risco após o sismo mais devastador das últimas décadas em Myanmar

A UNICEF manifesta profunda preocupação com o impacto crescente deste sismo nas crianças e nas suas famílias, numa altura em que as necessidades continuam a aumentar e as réplicas persistem. A organização apela à comunidade internacional para que responda com urgência, apoiando os esforços vitais de assistência às crianças e às suas famílias.

“Este sismo representa mais um golpe devastador para as crianças em Myanmar — muitas das quais já enfrentavam situações de conflito, deslocação e pobreza extrema”, afirmou Catherine Russell, Diretora Executiva da UNICEF. “Em apenas alguns minutos, perderam os seus entes queridos, as suas casas e o acesso a serviços essenciais. As necessidades são imensas e continuam a crescer de hora a hora.”

O sismo e as réplicas subsequentes causaram destruição generalizada em várias regiões centrais de Myanmar, incluindo Mandalay, Nay Pyi Taw, Sagaing, Bago e Shan. Segundo dados oficiais, mais de 1.600 pessoas perderam a vida e mais de 3.400 ficaram feridas — muitas delas crianças. Estima-se que o número de vítimas continue a aumentar à medida que prosseguem as operações de busca e salvamento e que a verdadeira dimensão da catástrofe venha a ser revelada.

Habitações, escolas, unidades de saúde e outras infraestruturas essenciais sofreram danos significativos. Deslizamentos de terras e o colapso de estradas deixaram inúmeras comunidades isoladas, sem acesso a eletricidade nem a comunicações móveis.

Muitas famílias que já viviam em condições precárias enfrentam agora enormes dificuldades, nomeadamente no acesso a água potável, cuidados de saúde e abrigo.

As crianças estão entre as mais afetadas: enfrentam riscos acrescidos de ferimentos e traumas, podendo também ser separadas das suas famílias e perder a pouca estabilidade que ainda lhes resta. As equipas da UNICEF estão presentes nas zonas mais afetadas e trabalham com parceiros e intervenientes locais para avaliar as necessidades e prestar ajuda de emergência.

No âmbito da sua resposta inicial, a UNICEF está a mobilizar 80 toneladas de bens vitais, incluindo kits de saúde, materiais médicos, tendas e kits de higiene com sabão, pensos higiénicos e desinfetantes, para entrega imediata a crianças e famílias em situação de necessidade extrema.

“Esta tragédia ocorre num momento em que as crianças em Myanmar já enfrentavam uma situação extremamente difícil”, lamenta Catherine Russell. “Embora a UNICEF esteja a intensificar a sua resposta e a comunidade internacional comece a mobilizar-se, são urgentemente necessários mais recursos para salvar e proteger a vida das crianças e das suas famílias. Paralelamente, é essencial garantir um acesso humanitário rápido e seguro às zonas afetadas, para que possamos prestar assistência às populações que mais precisam”.

Myanmar continua a ser uma das emergências humanitárias mais complexas a nível global. Mesmo antes do sismo, mais de 6,5 milhões de crianças já necessitavam de ajuda, sendo que uma em cada três pessoas deslocadas era uma criança. No entanto, a resposta humanitária permanece gravemente subfinanciada, com menos de 10% dos fundos previstos no apelo “Ação Humanitária para as Crianças 2025” angariados até à data.

A UNICEF Portugal apela ao financiamento urgente da resposta humanitária às crianças e famílias afetadas pelo sismo em Myanmar, disponibilizando diversas formas de contributo para apoiar esta causa: