Prémio Nobel da Medicina esteve no Europarque

Alberto Oliveira e Silva
Eric Kandel abordou os caminhos da mente à medida que a pessoa envelheceAlberto Oliveira e Silva

Continuar a caminhar, a trabalhar e a aprender” é a receita de Eric Kandel para quem, com o avançar da idade, quer prevenir a perda de memória. Confirmou, ainda, 0 saber popularizado de que cada pessoa deve fazer por ser “uma mente sã num corpo saudável”.

Considerado “o neurocientista mais influente do século XX”, o especialista americano, que no ano 2000 recebeu o Prémio Nobel da Medicina, assumiu, esta quinta-feira, no Europarque de Santa Maria da Feira, o papel de orador principal, ao estilo de estrela-convidada, da conferência “O futuro dos cuidados de saúde”.

Este evento inseriu-se na comemoração dos 20 anos da abertura de portas do Hospital de S. Sebastião e do 10º aniversário da constituição do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), que agrega a unidade feirense e os hospitais de S. João da Madeira e de Oliveira de Azeméis.

A conferência promoveu o debate sobre a humanização na prestação de cuidados de saúde, sobre o crescente papel das novas tecnologias no sector e abordou temáticas ligadas às neurociências.

Kandel falou sobre os mecanismo da memória e sobre a investigação que tem conduzido a respeito da “perda da memória” em relação com o avançar da idade. “Uma das melhores coisas que se pode fazer é caminhar duas horas por dia”, sublinhou o cientista, com enfoque na prevenção.

Além da importância do exercício físico deixou conselhos de bom-senso, para provar que qualquer pessoa pode abordar a problemática, no sentido de assegurar para si um futuro mais consciente. Uma alimentação equilibrada, o controlo de factores de risco, como a hipertensão e a diabetes, juntaram-se no ménu contra a perda de memória e as doenças da mente, no geral, ao treino da mente, através do estímulo representado por “desafios intelectuais”, e ao “envolvimento social”.

O Prémio Nobel abraçou o contacto directo com pessoas que quiseram colocar-lhe questões, tendo abordado temas como a depressão, condição “tratável”, porque – vincou – é possível “detectar as regiões cerebrais associadas à doença”, e a importância das condições socio-económicas para a saúde mental e um bom desenvolvimento cognitivo. Assinalou que crianças de famílias pobres, que sejam mal-nutridas, terão problemas nas suas vidas adultas.

Não se escusou a abordar o tema da lentidão no combate à doença de Alzhiemer: “o cérebro é o mais complexo dos órgãos”, disse, para justificar progressos que ainda vêm só a conta-gotas.

Eric Kandel reafirmou que “tornar o cérebro mais resiliente”, nomeadamente através da vida saudável , de inter-acção humana e de uma postura de permanente estímulo intelectual, é o melhor caminho “para melhorar a vida das pessoas”.